terça-feira, julho 27, 2021

Momentos

O tempo seguia lento, como se o tempo não mais existisse.
O tempo parava numa inspiração eterna, suspensa no próprio tempo.
Cada momento, cada segundo, era um mundo.
Longe de inquietude da tua alma o tempo corria de volta para ti.
E a cada volta do tempo eu voltava para mim.

Despertar

Acordei com a alvorada, despertei com um fogo ardente a brotar da alma.
A intensidade desta chama faz arder o coração e cria em mim um turbilhão de sentimentos há muito esquecidos.
Acordei e não consigo mais voltar ao que fui.
Este fogo que me anima faz-me brilhar intensamente.
Este fogo que me queima faz-me sonhar.
Faz-me querer mais e mais....
Quero tudo por inteiro.... não quero metades!
Quero tudo por inteiro.... não quero migalhas!
Quero beijos ardentes, olhares intensos, abraços cheios de promessas.
Quero escrever Amor com maiúsculas dentro do meu peito.
A luz que sou, quero partilhá-la, iluminando todas as sombras que ainda restarem.



terça-feira, novembro 13, 2018

سورج اور سمندر

O sol desceu lentamente
Tocou com doçura o mar
O mar beijou-o com ternura
Fazendo-o corar
Com a carícia das ondas
Dissolveu-se em pura luz
E adormeceu embalado
Pelo canto sussurrado
Das filhas do mar

segunda-feira, novembro 12, 2018

Csillag

A doce sensação de mergulhar no sono invade-me.
Flutuo acima do mundo...
Observo tudo.

Fecho os olhos.
E dentro de mim acendem-se mil estrelas.

Cintilam numa dança misteriosa.
Num ritmo que só elas conhecem, como passos silenciosos caminhando sobre o céu noturno.

Uma delas capta a minha atenção...
Uma estrela com um brilho tão quente e tão doce.
O seu brilho bate ao ritmo de um coração que desconheço.
E sou atraída por esse fulgor.

Enfeitiçada, desperto com um fogo ardente a brotar da alma, com a intensidade de uma chama que me faz arder o coração.


sexta-feira, agosto 30, 2013

ORIZZONTE

I funghi crescono oltre la siepe,
cuscino d'astragali sull'orlo
dell'abisso, dove mani s'intrecciano
in uragani di campi

diafani e voli di libellule
sospese nel vuoto, trapassano
aerei crinali. L'orizzonte
è teatro d'infinite

forme. Ma nessuno conosce
i destini degli uomini o i mistici
volti dei prati cosparsi
di anemoni e orchidee,

margherite e miosotidi, iris
e viole, tulipani e verbene,
che ci attendono lassù, proprio lassù,
sulla cima del colle.

Angelo Manitta




Horizonte

Os cogumelos crescem além da sebe,
almofada de astrágalos sobre a orla
do abismo, onde mãos se entrelaçam
em furacões de campos

diáfanos e voos de libélulas,
suspendidas no vazio, traspassam
aéreos cumes. O horizonte
é teatro de infinitas

formas. Mas ninguem conhece
os destinos dos homens ou os místicos
rostos pelos prados plenos
de anémonas e orquídeas,

margaridas e miosótis, lírios
e violetas, tulipas e verbanas,
que nos aguardam ali, logo ali,
sobre o cume da colina.

Tradução do autor.

sexta-feira, novembro 09, 2007

Encontrei-te num sonho

Esta noite sonhei contigo, mas tu não te lembras.
Neste sonho abracei-te com força.
Nesse abraço recolhi-me e descansei.
E sonhei, sonhei contigo.
Mas tu não te lembras.
Dançámos sobre as nuvens leves, num céu azul de verão.
Descemos do céu e deitámo-nos na areia junto ao mar.
Quando o calor se tornou insuportável mergulamos na água gelada.
Nadámos entre mil cores e adormecemos embalados pelas ondas.
E sonhei contigo. E tu não te lembras.
Corremos por todo o Universo, demos as mãos e mostraste-me o mundo.
Caimos do espaço como estrelas cadente e aterrámos num Inverno nevado.
Com cuidado agarraste um pequeno floco de neve que flutuava e ofereceste-mo como se de uma joia se tratasse.

E o sol nasceu. E acordei.
Sonhei toda a noite contigo, mas tu não te lembras.

segunda-feira, outubro 22, 2007

Fa freddo

Estou só. O gelo invade a minha alma.
O frio consome todos os meus pensamentos.
Debaixo dos cobertores, sou como uma pequena larva enroscada num casulo de seda.
Está muito frio, 4 graus lá fora, mais 10 no meu quarto.
Fecho os olhos com força, e imagino...
A sala quente, o fogo ardente, o crepitar da lenha e o jogo de sombra e luz que se projecta nas paredes claras. Uma chavena de chá, uma manta quente, e um BEIJO TEU.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

"En pointe"

Sinto-me impelida a seguir em frente. Não conheço o caminho, mas por muito estranho que te pareça, isso não me perturba. Sinto o vento nas minhas costas a empurrar-me, sinto o mar a meus pés a chamar-me, e avanço.
Não sei se já te falei, alguma vez, daquela sensação de te diluíres!? Sentires que te dissolves na água, que te decompões e tornaste parte do todo!!
É isso que sinto, foi nisso que me tornei. Faço, agora, parte de um todo, de tudo.
Experimento a sensibilidade do mundo.
Exprimo-me em sensações porque as palavras já não saem…

Corrompi o dom de augurar o futuro, desprezei a capacidade de esquadrinhar o passado.
Fiquei a oscilar entre cada segundo. Desprezada pelo tempo, nem a ilusão se aproxima.
Mas sei que se um dia voltar a ver-te, velho e decrépito senhor dos sonhos, nesse dia estarei de volta à roda da vida.

sábado, dezembro 09, 2006

Mirando


Abro a gaveta.
Guardo-a religiosamente, como se da mais rara relíquia se tratasse.
Pétalas escarlates sobre seda branca.
Pétalas espalhadas, pétalas caídas.
A rosa incandescente torna-se alva.
Sobre mim uma sombra se abate.
Olho-a, melancólica.
Imaculada.
É então que vislumbro, entre tanta simplicidade, escondido, aguardando amedrontado, um brilho avermelhado.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Voeten van zand

Dei por mim a caminhar no deserto.
Há quanto tempo aqui estou? Não sei.
Dei por mim a caminhar no deserto,
E nem sei como aqui cheguei.
...
O calor é sufocante, devastador.
E o ar tão seco, que estrangula.
Toda a terra é árida, infértil, enferma.
Caminho sobre areia escaldante.
A pele vai ficando emurchecida.
O olhar desfoca.
Vou definhando.
E os sentidos falham.
Sinto-me a estalar.
Ao andar vou-me fragmentando. Perco bocados do meu ser.
Caem. Um choque cavernoso seguido do silêncio sepulcral.
E continuo esta maldita jornada…
Ouço pousarem, atrás de mim, hostes de abutres alienados. Vão debicando cada pedaço.

Apenas conservo os pés, que vão continuando.
Seguem o destino.
Como valorosos soldados, para o túmulo. Sem pensamentos.
Bestas insensíveis. Mortos marchando em transe.

domingo, setembro 10, 2006

Das Lächeln

Descia, lentamente, a rua escura, numa noite fria. Perdida em pensamentos infames e atrozes. O gelo que cobria a alma não podia nunca derreter, era a represa que controlava a fúria de um mar de sentimentos. Ódio, raiva, medo, angustia, culpa... Mais, muitos mais. Olhar duro, rosto de pedra. Era o seu suporte, nada mais tinha. Não confiava em ninguém, só em si (e mesmo assim...). Foi então que a viu, vinda de não sabe de onde; de outro mundo, talvez. Parou, olhou-a, e sem falar sorriu. Um sorriso enorme, cheio, sincero. Tão quente e luminoso, que poderia dissolver todo aquele gelo.
Não se conseguiu mover, lentamente, gota a gota, foram caindo, lágrimas de dor. E a lentidão foi correndo, transbordando numa imensidão. Já se afogava nas ondas que de si partiam, e a levavam p'ra longe, para onde nada conhecia. E aquela mulher abraçou-a. Então chorou ainda mais.
Pela primeira vez sentiu: calor, afecto, amor. Sentiu-se protegida.

As perigosas sensações, que a ameaçavam esmagar, foram-se desfazendo.
Aos poucos foi-se sentindo livre, espontânea.
Num destes dias soltou um sorriso afável. E os olhos salpicados, ainda, de pequenas lágrimas, voltaram a brilhar.

domingo, julho 16, 2006

Inconstante

Há dias em que não tenho ânimo, e por puro capricho apetece-me desertar.
O mundo afigura-se como o recanto mais insípido e pavoroso. Assemelhando-se a um tortuoso abismo. O sol amortece, ficando sem fulgor. À minha volta tudo perde a cor.
Há dias em que o universo é baço e sem graça.
Até o canto dos pássaros é entediante.
E sinto-me fútil, vazia. Para onde quer que olhe, para qualquer lugar que vá, tudo é estéril, sem vida. E então sei que estou perdida.
Fujo, escondo-me de mim, de ti, do mundo.
Recolho-me em mim.
E tento encontrar um sentido, qualquer coisa que me traga de volta.
Mas nada, não há nada. NADA!
Mergulho em sentimentos de angústia e desespero. Consomem-me.
Sinto-me miserável, imunda.


Hoje é um desses dias.
Talvez hoje me pudesses dar aquele beijo…

sábado, julho 15, 2006

Der Morgen, la mattina

Mais um dia passou, mais uma noite e mais um sonho.
Mas desta vez não te vejo…
Cercam-me retalhos de uma melodia.
Sinto o vento frio, batendo-me no rosto.
Tenho um cachecol ajustado ao pescoço, brinco com ele.
Abro os braços numa saudação ao mundo.
É Inverno.
Percorro a rua que começa a pulsar de vida.
Olho em redor, observo à passagem as pessoas.
Sorrisos ensonados. Baguettes na mão. Sacos de compras. O jornal do dia.
O doce aroma da fruta fresca enche o ar.
A melodia chega-me, agora, mais nítida.
Fala de uma alma despedaçada, corações partidos e do passar do tempo, do caminho a percorrer para voltar a juntar todos os fragmentos.
Bastante oportuno, penso.
Sigo em frente, para trás deixo o rio, dourado pelo sol que vai emergindo do seu sono.

sábado, junho 10, 2006

Nocturne

Dlão. Dlão. Dlão. Dlão. Dlão. Dlão. Dlão. Dlão. Dlão. Dlão. Dlão.
Onze horas. Não! Vinte e três.
É noite.
Olho o céu índigo e contemplo as estrelas. Já há muitos anos que são apenas brilhos esborratados numa imensa tela negra. Mas nem por isso deixo de as observar.
Nas minhas costas, a lua imensa desdobra-se em três, ou quatro, círculos leitosos.
Sei-o, não necessito de a olhar. Mesmo assim volto-me.
Nunca me canso de olhar o céu.
Caminho, agora, pelo parque mal iluminado. Mas não me inquieto.
Detenho-me por momentos: ao longe há um candeeiro, de onde me encontro diviso silhuetas de pequenos morcegos. Embora não seja uma novidade para mim, agrada-me observa-los – Senhores da Noite – esvoaçando em busca de pequenos insecto.
ão ão ão
Volto-me instantaneamente. Um cão corre desvairado pela relva, ladrando alegremente. Ao aproximar-se abranda, parando para me cumprimentar. Afago-lhe o focinho. Abana a cauda, num gesto de reconhecimento, e parte novamente na sua demanda. Pouco depois o dono, movendo-se numa moleza exasperante, murmura um inaudível “boa noite”, e segue atrás do cão.
O parque volta a ficar em silêncio. Esta quietude é apenas ilusória, se me concentrar posso ouvir os sons da noite.
As folhas a dançarem com a brisa. Um galho estala.
A relva agita-se, vislumbro um vulto – talvez um pequeno rato – a deslizar sorrateiramente para a toca.
O pio do mocho. E um bater de assas.
Apenas uma pequena amostra da azáfama nocturna.
Ao longe, risos despertam a minha atenção. Uma conversa animada, mãos dadas. Param e beijam-se demoradamente. Ao passarem por mim, trocam olhares cúmplices, apaixonados. E soltam, em uníssono, um melodioso “BOA NOITE!”. Retribuo a saudação. Sorrindo divertida.
Sigo por entre as árvores, posso imagina-las escondendo seres tenebrosos, sombrios, espiando a minha passagem. Se fizer um pequeno esforço consigo ver os seus olhinhos brilhantes postos em mim, e ouvi-los sussurrar. E isso não me assusta, diverte-me.
Não paro, chegou a hora de regressar.
Caminho lentamente, inspirando o perfume da noite. Encantador. Inebriante. Vem com a brisa fresca e envolve-me. O odor da relva, das arvores. A fragrância de flores nocturnas. Tão intensos. Quase palpáveis.
...
Deixo o parque para trás, a luminosidade artificial quebrou o encanto, entro num outro mundo.
...

sexta-feira, junho 09, 2006

Frida



"Eu pinto-me porque estou muitas vezes sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor". Frida Kahlo

sexta-feira, maio 26, 2006

slapeloosheid

Esta noite não consigo dormir.
Brotam em mim pensamentos que correm selvagens.
Palmilham todo o globo.
Esvoaçam à minha volta,
cantarolando…
Lalalalalala
Lalalalalala
em tom de troça.
Qual pândega desvairada.
“Calem-se, calem-se todos. Quero dormir!”
Riem-se, cada vez mais alto.
Cesso a minha súplica.
E observo-os. Contemplo-os.
Tornam-se pequenos tesouros. Brilham.
Tão intensamente os exploro, que se extinguem.
Exaustos, desaparecem.
Só então consigo descansar.

quarta-feira, maio 17, 2006

Desabitada

Deixem-me!
Hoje só quero estar ausente …
Recolho-me na escuridão, dissipo-me ...
Já não sou eu …
Faço parte dela.
Sou, também eu, um negrume de pensamentos.
Cada pensamento me devora. Impele-me para uma doce loucura.
Desejável, embriagante.
Aproxima-se furtivamente. Vai entranhando-se. Absorvo-a.
Percorre todo o meu corpo, sufoca-me.
Tirana, apodera-se de mim com tal violência …

Choro
Afogo-me … diluo-me neste mar, que me embala.
Estou vazia, esgotada.
O corpo anestesiado. O cérebro entorpecido.
Adormeço

segunda-feira, maio 15, 2006

Rencontre

Hoje encontrei-te no meu sonho.
Os nosso olhares descobrem-se por entre a multidão.
Vens ao meu encontro, sempre sorrindo.
Falas-me. Falas sem parar.
Eu apenas vejo os teus lábios moverem-se. Cada vez mais lentos.
Não te ouço.
Como se apenas assistisse a um filme mudo em câmara lenta.

Envolves-me nos teus braços e então eu ouço-te, sinto-te.
Trazes-me de volta.
Recordo tudo!
Torno a sentir…

sábado, maio 13, 2006

A glorious feeling

Hoje quero que chova.
A chuva não me incomoda!
Gosto de sair, de andar à chuva.
Senti-la a cair gota a gota no meu rosto.
O cabelo molhado...
A chuva não me incomoda,
Lava-me
! Leva para longe tudo. E esqueço.
Por momentos estou livre.
Danço! Danço!
Posso até voar

Ela cai, gota a gota, como beijos. Sinto-os. Sinto-te.
Posso chorar, posso rir.
Estou só! Ninguém vê. Sou só eu.
Eu e a chuva, que continua a cair. Agora como lágrimas.
Lágrimas de medo, de frustração, lágrimas de dor…
Só eu e a chuva.

Hoje, hoje apetece-me sair e andar à chuva.

Der traum

O sonho

Os pássaros cantavam docemente. Fui acordando. Senti-te ao meu lado. Tentei guardar este momento.
O sol começou a iluminar a terra, e mesmo de olhos fechados vi a sua luminosidade a inundar o quarto.
Abri os olhos e virei-me para te olhar. És lindo! Fechei os olhos por um instante.
Acordaste e olhaste-me.
O meu coração cresceu, tanto que inundou o meu mundo.
Sorriste, eu ri-me e abracei-te.
Então beijaste-me…

sexta-feira, maio 12, 2006

Ser

Cuerpo de mujer

Cuerpo de mujer, blancas Colinas, muslos blancos,
te pareces al mundo en tu actitud de entrega.
(...)

Cuerpo de piel, de musgo, de leche ávida e firme.
Ah los vasos del pecho! Ah los ojos de ausencia!
Ah las rosas del pubis! Ah tu voz lenta y triste!

Cuerpo de mujer...
Oscuros causes donde la sed eterna sigue,
y la fatiga sigue, y el dolor infinito.

Pablo Neruda

quinta-feira, maio 11, 2006

styska se mi po tobe

Tenho nostalgia de ti.
"O regresso, em grego, diz-se nostos. Algos significa sofrimento. A nostalgia é portanto o sofrimento causado pelo desejo insatisfeito de regressar. (...)
..., a nostalgia aparece como o sofrimento da ignorância. Tu estás longe, e eu não sei o que te acontece. "
"L'ignorance" Milan Kundera

quarta-feira, maio 10, 2006

Instantes

Às vezes quando anoitece
Cai em meu peito tal mágoa!...
Quero cantar. E num instante
Sinto os olhos rasos d'água!
Florbela Espanca