domingo, julho 16, 2006

Inconstante

Há dias em que não tenho ânimo, e por puro capricho apetece-me desertar.
O mundo afigura-se como o recanto mais insípido e pavoroso. Assemelhando-se a um tortuoso abismo. O sol amortece, ficando sem fulgor. À minha volta tudo perde a cor.
Há dias em que o universo é baço e sem graça.
Até o canto dos pássaros é entediante.
E sinto-me fútil, vazia. Para onde quer que olhe, para qualquer lugar que vá, tudo é estéril, sem vida. E então sei que estou perdida.
Fujo, escondo-me de mim, de ti, do mundo.
Recolho-me em mim.
E tento encontrar um sentido, qualquer coisa que me traga de volta.
Mas nada, não há nada. NADA!
Mergulho em sentimentos de angústia e desespero. Consomem-me.
Sinto-me miserável, imunda.


Hoje é um desses dias.
Talvez hoje me pudesses dar aquele beijo…

sábado, julho 15, 2006

Der Morgen, la mattina

Mais um dia passou, mais uma noite e mais um sonho.
Mas desta vez não te vejo…
Cercam-me retalhos de uma melodia.
Sinto o vento frio, batendo-me no rosto.
Tenho um cachecol ajustado ao pescoço, brinco com ele.
Abro os braços numa saudação ao mundo.
É Inverno.
Percorro a rua que começa a pulsar de vida.
Olho em redor, observo à passagem as pessoas.
Sorrisos ensonados. Baguettes na mão. Sacos de compras. O jornal do dia.
O doce aroma da fruta fresca enche o ar.
A melodia chega-me, agora, mais nítida.
Fala de uma alma despedaçada, corações partidos e do passar do tempo, do caminho a percorrer para voltar a juntar todos os fragmentos.
Bastante oportuno, penso.
Sigo em frente, para trás deixo o rio, dourado pelo sol que vai emergindo do seu sono.